ENTREVISTA – Honaiser: “O sul é uma das regiões de maior potencial dentro do MATOPIBA”
Com a autoridade de quem conhece a fundo a realidade do agronegócio no sul do Maranhão, parte integrante do MATOPIBA, pois que cresceu acompanhando o pioneirismo do pai na região, Francisco Honaiser, grande empreendedor rural e urbano, em Balsas, o Engenheiro Civil e pós-graduado em Gestão de Agronegócios, Márcio Honaiser, foi escolhido a dedo para contribuir com o governador Flávio Dino na tarefa “de resgatar o Maranhão produtivo que por tanto tempo foi esquecido”, na Pasta da Agricultura (Sagrima).
Ainda de acordo com ele, seu compromisso é transformar o potencial do Maranhão em produção, emprego e renda para os maranhenses, valorizando o produtor e o trabalhador rural.
Foi uma medida acertada de Dino, principalmente levando-se em conta que seus antecessores só tinham um critério para esta Pasta técnica: o político partidário e o compadrio.
Nesta entrevista exclusiva para Cerrado Rural Agronegócio, Honaiser expõe as metas e realizações do atual governo maranhense para o Estado e, principalmente, para o sul do Maranhão, parte integrante do MATOPIBA.
Cerrado Rural Agronegócios (CR) – Secretário, gostaria de concentrar esta entrevista mais no sul do Maranhão, parte integrante do MATOPIBA, coberto por nossos veículos. Mas, antes, exponha os avanços da atual gestão deste Governo no contexto geral do Estado.
Márcio Honaiser – A gestão do governador Flávio Dino vem atuando em diversas frentes para retirar o Maranhão dos últimos lugares em indicadores sociais e dar mais dignidade ao nosso povo, e tem como dois de seus pilares a educação e a produção. Na educação, cerca de 300 escolas já passaram por serviços de manutenções em suas estruturas físicas, com reparos na rede elétrica, hidráulica, sanitária, pintura, e até 2018, a meta do nosso governador é que todas as escolas do estado tenham passado por algum tipo de melhoria. Os professores da rede estadual possuem a maior remuneração do Nordeste e a eleição de gestores escolares são pontos importantes da revolução que está sendo promovida na educação do estado.
Na produção, o governador criou o Sistema Estadual de Produção e Abastecimento (SEPAB), congregando cinco secretarias ligadas ao setor produtivo, para que trabalhem em sinergia para o fortalecimento da produção do estado. Dessa união, foi criado o programa Mais Produção, que estabeleceu 10 cadeias produtivas prioritárias (feijão, arroz, mandioca, carne e couro, ovinocaprinocultura, leite, avicultura caipira e industrial, piscicultura, hortifruticultura e mel) que vem sendo trabalhadas, com um investimento do Estado da ordem de R$62 milhões, beneficiando 5.322 propriedades em 111 municípios.
Firmamos convênio com o Senar para oferta de assistência técnica e gerencial a 1.550 propriedades em hortifruticultura, leite e derivados, carne e couro, arroz e aquicultura. Os técnicos que atuarão nesse trabalho já estão sendo treinados e ainda este semestre estarão em campo.
Além disso, estamos implantando os agropolos, que são espaços geográficos, nos quais produtores rurais, agroindustriais, instituições públicas, privadas e serviços especializados trabalham sistematicamente, com o objetivo de aumentar a produtividade para atender aos consumidores, a partir da produção, agroindustrialização e comercialização. O da Ilha de São Luís, voltado para hortifruticultura já apresenta excelentes resultados: itens como cheiro verde, alface, vinagreira, couve, acerola, carambola, pimenta, macaxeira, quiabo e maxixe produzidos no Agropolo da Ilha abastecem supermercados e feiras da capital e temos utilizado tecnologias sustentáveis, de forma experimental, como painéis solares e o biofertilizante desenvolvido na própria Sagrima. Durante o Agrobalsas, iniciamos a implantação do Agropolo do Rio Balsas, que será voltado para as cadeias de leite e derivados e aquicultura, entre outras diversas ações que vem acontecendo simultaneamente em diferentes regiões do estado.
CR – Na sua opinião, qual é o grau de importância do sul do Maranhão no território do MATOPIBA?
Márcio Honaiser – Acredito que o sul do estado é uma das regiões de maior potencial dentro do MATOPIBA e, com a parceria entre as iniciativas pública e privada, tem tudo para estar entre as maiores regiões produtoras do Brasil em um futuro próximo.
CR – E qual seria o efeito, se colocadas em prática, as propostas da Agência MATOPIBA?
Márcio Honaiser – Sem dúvida, um dos efeitos de maior importância será o crescimento da classe média rural, com aumento de emprego, renda e verticalização das cadeias produtivas de maior potencial na região, notadamente a de grãos, por meio da transformação de proteína vegetal em proteína animal, agregando valor aos nossos produtos.
CR – Em relação a esta Agência, o que o Governo Flávio Dino espera do ministro Blario Maggi?
Márcio Honaiser – Esperamos que o projeto tenha continuidade, pois o MATOPIBA é considerado a última grande fronteira agrícola do país e pode contribuir de forma decisiva para a oferta de alimentos no planeta.
CR – Um dos grandes gargalos no desenvolvimento do sul do Estado, principalmente da microrregião de Balsas, onde se concentra a produção agrícola, é a precariedade de sua logística – escoamento da produção e armazenamento. Qual seria a sua, e/ou do Governo Flávio Dino, para excluir esse gargalo do caminho das cadeias produtivas daquela região?
Márcio Honaiser – O Governo do Estado vem trabalhando diuturnamente para a solução desses gargalos, investindo na modernização do Porto do Itaqui, anunciando o Plano de Investimentos 2016-2018, que prevê a aplicação de R$ 1,3 bilhão, sendo R$ 255 milhões de recursos próprios, que serão destinados a melhorias de infraestrutura e geração de postos de trabalho nos próximos dois anos. Sobre infraestrutura rodoviária, já notamos expressivos avanços, como as entregas da MA-138, que interliga São Pedro dos Crentes e Fortaleza dos Nogueiras, pavimentação de mais de 60 km da MA-334, no trecho de Feira Nova a Riachão, a retomada das obras do Anel da Soja, entre outras, mostrando que praticamente todas as rodovias estaduais das regiões centro oeste e sul do Maranhão estão incluídas no plano de conservação contínua do Governo do Estado. Além disso, estamos avançando na busca por financiamento para a reconstrução da MA-006 em seus 650km de extensão, do entroncamento da BR-222 a Alto Parnaíba. O Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) aprovou carta consulta do governo estadual que solicitava financiamento para a obra e estivemos na semana passada em Brasília, em reunião com a Comissão de Financiamentos Externos (COFIEX), do Ministério do Planejamento, solicitando ao governo brasileiro a aprovação desse financiamento. Estamos muito entusiasmados e confiantes que vamos conseguir esse recurso junto ao CAF e finalmente reconstruir essa importante via de interligação do nosso estado.
CR – Outro problema é a falta de verticalização da produção agrícola, visto que, seus dois principais produtos – o milho e a soja, com exceção da semente desta, que têm cultivo e processamento final na própria região – são quase que 100% exportados in natura. Alguma política deste Governo para iniciar a reversão deste processo?
Márcio Honaiser – O Programa Mais Produção, que já citei, tem justamente esse objetivo: fomentar e verticalizar as 10 cadeias produtivas prioritárias. Nosso objetivo com os grãos, por exemplo, é transformar a proteína vegetal em proteína animal, através da ração para peixes, suínos e aves. Por isso o agropolo do Rio Balsas, por exemplo, tem como um dos pontos focais a piscicultura. Nas cadeias de avicultura industrial e aquicultura, também trabalhamos com esse objetivo, para que possamos agregar valor aos nossos produtos e gerar mais emprego e renda.
CR – Velha reivindicação do agronegócio da região de Balsas, um aeroporto estruturado para a aviação comercial acabou saindo para Carolina, beneficiando o turismo. Naquela região, o agronegócio não é mais forte que a atividade turística? Alguma medida para “puxar” este aeroporto para Balsas?
Márcio Honaiser – Carolina possui uma base aérea que vem sendo utilizada como apoio, mas todos queremos um aeroporto para Balsas, por toda a demanda existente na região. Balsas ainda está na lista de regionais para a construção de aeroportos.
CR – Por fim, mas lhe deixando livre para acrescentar mais informações que achar necessárias, após uma safra quebrada pelas adversidades climáticas, qual sua expectativa da safra 2016/2017, principalmente levando-se em conta as dificuldades financeiras enfrentadas pelos produtores rurais , em consequência do fracasso da safra passada?
Márcio Honaiser – Estamos esperando chuvas mais regulares para a próxima safra e, consequentemente, melhores resultados. Temos articulado junto à bancada federal do Maranhão e ao governo federal a prorrogação das dívidas dos produtores rurais que sofreram com as perdas da última safra, para que eles tenham condições de plantar na próxima safra, ter retorno financeiros e honrar seus compromissos, pois a economia de toda uma região depende dessa atividade fundamental.