Em análise, novo acesso ao cais em Santos aguarda recursos
Algumas das medidas recomendadas pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) estão em fase de elaboração de projeto ou em negociação para implantação. É o caso da construção de um novo acesso ao Porto de Santos, que segue em estudos pela Dersa. No entanto, os recursos necessários para o empreendimento ainda não foram disponibilizados pela União.
No incêndio que atingiu os tanques da Ultracargo, por medida de segurança, o único viaduto que dá acesso à Margem Direita do Porto, em Santos, foi interditado por vários dias. O fato evidenciou as restrições de acesso ao cais. A partir daí, a implantação de uma nova rota viária passou a ser defendida com mais veemência pelas autoridades.
Atualmente, o projeto do novo acesso ao Porto está em análise pela área de Engenharia da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), após uma série de alterações que foram propostas. Além disso, a Autoridade Portuária planeja o aditamento do convênio com a Dersa, através da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, por mais 30 meses.
A reestruturação do Plano de Auxílio Mútuo (PAM) do Porto de Santos, coordenado pela Codesp, é outra recomendação do grupo de trabalho do Crea que também já está em andamento. A ideia é aprimorar o mapeamento de riscos das operações no cais santista. Para isso, o complexo será dividido em sete áreas, para que as análises sejam feitas conforme as cargas movimentadas em cada região.
“Se eu tenho um acidente na Alemoa, os brigadistas que atuam nessa região e com as cargas de combustíveis devem prestar atendimento. Alguém do granel pode colocar em risco a operação de combate”, destacou o gerente de Segurança do Trabalho da Codesp, Ernesto Henriques da Costa Júnior.
Além disso, os cerca de 4 mil brigadistas que atuam no Porto estão sendo cadastrados e passarão por provas teóricas e práticas. A ideia é classificar esses profissionais em quatro níveis, de acordo com as aptidões e formações. Em seguida, eles serão encaminhados para cursos de capacitação obrigatórios, propostos pelo grupo de trabalho que elaborou o estudo.
“Neste caso, estamos fazendo um trabalho de base para que os cursos descritos no relatório possam ser feitos pelos brigadistas. Todas as ações previstas são interligadas. Algumas dependem mais da nossa atuação, mas estamos dentro do contexto proposto”, destacou o engenheiro Paulino Vicente, da Docas.
Rastreamento
As cargas perigosas movimentadas ou armazenadas no Porto deverão ser catalogadas e esses dados serão armazenados em um local fora dos terminais. A ideia é que, durante um sinistro, esses arquivos sejam consultados e os bombeiros recebam informações sobre os produtos e a melhor rota de acesso ao local. O gerenciamento dessas informações será feito pela Autoridade Portuária.
Segundo o superintendente de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho da Codesp, Hilário Gurjão, esse trabalho está sendo feito através de uma parceria entre a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e a Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra).
E a Codesp está elaborando um termo de referência para a contratação de um Estudo de Análise de Risco (EAR), que integrará seu Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) e o Programa de Ação de Emergência (PAE) do Porto.
“Incêndio não se apaga só com água. Informação é primordial para o combate, principalmente neste momento em que trabalhamos com acidentes tecnológicos”, disse o gerente de Segurança do Trabalho.