Baía de Todos os Santos no centro das atenções
Com 1.233 km² de extensão - a segunda maior baía do mundo, atrás apenas do Golfo de Bengala, na Ásia - , 56 ilhas e 18 municípios no seu entorno, a Baía de Todos os Santos tem enorme potencial econômico, ambiental e cultural. Sua história se confunde com a história do nosso estado e do Brasil. Os navegadores portugueses descobriram um excelente ancoradouro natural, desde que chegaram à Baía de Todos os Santos, em 1501. Sua posição estratégica foi decisiva para Tomé de Souza escolher o local para, em 1549, fundar Salvador, a primeira capital do Brasil Colônia. No século XVI e até meados do século XVII, a Baía de Todos os Santos abrigava o maior porto do Brasil e o principal do Hemisfério Sul.
Quatro séculos depois, o potencial da nossa baía ainda está longe de ser completamente aproveitado. Foi este o foco principal dos debates no II Fórum Internacional sobre Gestão de Baías, promovido esta semana pela Associação Comercial da Bahia, em parceria com o CORREIO e o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), com a participação de especialistas em gestão portuária, turismo náutico e preservação ambiental, empresários, gestores estaduais e municipais e convidados internacionais.
As potencialidades da Baía de Todos os Santos não são poucas. O Porto de Aratu - estratégico para a indústria petroquímica instalada em Camaçari e para toda a economia do estado - precisa da criação de terminais alternativos e de investimentos para reduzir o tempo de espera de navios na baía. O Porto de Salvador necessita se firmar como terminal turístico, que a concessão à iniciativa privada poderá acelerar. Maior obra da Bahia nos últimos anos, o Estaleiro Paraguaçu, nascido para fornecer sondas para a Petrobras, está praticamente parado com a crise da estatal.
A essa vocação para o transporte de cargas e passageiros e para a indústria naval, a Baía de Todos os Santos adiciona ainda um enorme potencial para o turismo - náutico, ambiental e histórico. O governo estadual acertou financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento para a qualificação do turismo, aproveitando a imensa área navegável da Baía de Todos os Santos. Recentemente, a prefeitura de Salvador conseguiu o selo internacional Bandeira Azul para a praia da Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe, na Ilha dos Frades, atribuído a praias e marinas que cumprem um conjunto de 34 requisitos de qualidade socioambiental. A Ilha dos Frades e a Ilha de Maré, também pertencente a Salvador, abrigam verdadeiros santuários ecológicos - e há outras pérolas ambientais espalhadas pelas outras 54 ilhas da baía. Em trecho navegável do Rio Paraguaçu, a apenas 45 quilômetros da foz na Baía de Todos os Santos, estão as cidades históricas de Cachoeira e São Félix.
Por todo esse potencial, a economia da Baía de Todos os Santos também será um dos temas do Fórum Agenda Bahia, iniciativa do CORREIO em parceria com a CBN, a Fieb, a Braskem e a Coelba, para discutir problemas e apontar soluções para o nosso estado. Na pauta - agora permanente - dos debates, estão estrutura portuária, oportunidades no turismo, desenvolvimento econômico, sustentabilidade e a criação de uma agência de gestão, reunindo governos federal e estadual e os municípios do entorno, proposta levantada no Fórum Internacional. A Baía de Todos os Santos merece estar no centro das atenções.